Tecnologia E-pain e Dor Crônica

14 de julho de 2021
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No sentido figurado, resiliência é a capacidade de adaptação às mudanças. Este período de pandemia no proporcionou a possibilidade de testar esta capacidade em cada um de nós. As mudanças impostas pelo novo “status quo” possibilitou uma gama enorme de vias de soluções dos problemas. Algumas delas, em função da necessidade do distanciamento social, foi a comunicação remota em reuniões acadêmicas, conferências, reuniões corporativistas, formaturas on-line e até mesmo consultas médicas regulamentadas pelos órgãos responsáveis (CRM).

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Neste último aspecto, surgiu a preocupação da efetividade e satisfação dos pacientes quando em atendimento remoto. Tem especial interesse o atendimento ao paciente com dor crônica em função do seu sofrimento longínquo e que, muitas vezes, carece de afeto e proximidade. Portanto, é necessário diminuir as barreiras ao tratamento e fornecer intervenções de forma acessível a todos os indivíduos que possam se beneficiar.

A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), publicou recentemente um chamado (call for action) reconhecendo a necessidade urgente de todos os países em melhorar o acesso aos serviços de gerenciamento da dor. Entretanto, é reconhecido que essa implementação é um grande desafio em virtude de vários obstáculos que limitam o acesso aos serviços especializados, como distância, custo e disponibilidade. Dessa maneira, as intervenções baseadas em tecnologias online, chamadas de E-pain, podem ajudar as pessoas com dor no acesso a programas de educação e automanejo do sofrimento.

Neste âmbito, os cuidadores desempenham um papel fundamental no tratamento da dor dos pacientes em casa, mas a falta de adesão aos regimes analgésicos prescritos pelo médico e os erros de medicação são barreiras significativas para um tratamento verdadeiramente eficaz. Pouco se sabe sobre as barreiras que os cuidadores enfrentam e os efeitos dessas barreiras.

Pensando nisso, o The British Pain Society desenvolveu uma ferramenta para que cuidadores informais de clínicas e domicílios reportem o dia a dia dos pacientes através do aplicativo digital, o e-Pain Reporter, que permite que os cuidadores informais registrem e os prestadores monitorem a dor do paciente e o seu controle. Segundo o estudo publicado, o objetivo foi avaliar a viabilidade de cuidadores informais usando o e-Pain Reporter por 9 dias em casa de repouso, investigando o recrutamento e aderência e a satisfação do cuidador com a frequência de uso da ferramenta e descrevem as características da dor do paciente e as barreiras do cuidador para o manejo da dor e a autoeficácia na prestação de cuidados ao paciente em casa.

Os cuidadores foram solicitados a relatar toda a dor do paciente e o gerenciamento da dor usando o e-Pain Reporter. A viabilidade do e-Pain Reporter foi avaliada pelo número médio de vezes que os cuidadores registraram o avanço e a dor diária e a satisfação do cuidador com o aplicativo. O Questionário de Barreiras II e a Escala de Autoeficácia do Cuidador foram administrados no início do estudo. O número médio de relatos de dor em 9 dias foi de 10,5. Os cuidadores relataram alta satisfação geral com o e-Pain Reporter. As pontuações das barreiras foram moderadamente altas, sugerindo crenças e concepções errôneas sobre relatos de dor e uso de analgésicos, mas a autoeficácia no controle da dor também foi alta (93% de confiança).

Os resultados sugerem que o e-Pain Reporter é um método viável para relatar e monitorar o manejo da dor em casa pelo cuidador. As barreiras elevadas do cuidador e o alto excesso de confiança sugerem a necessidade de um componente educacional para o e-Pain Reporter para abordar os conceitos errôneos sobre a dor e o manejo da dor. Conclui-se que através desta nova ferramenta, a maior adesão do cuidador aos regimes analgésicos foi associada a menor intensidade da dor e maior qualidade de vida do paciente.

O ser humano tem a capacidade ínfima de buscar soluções e melhorar cada vez mais o bem-estar e a sua qualidade de vida. Este preceito encontra sua maior expressão no tratamento de pacientes com dor crônica, sofrimento profundamente expressados por Elizabeth Ruth Auer:

Espero o descanso da noite como o bebê faminto pranteia pelo seio materno.
Não há descanso no seio da noite, e a minha dor não cessa.
Então espero que o sol traga alívio em seus raios quentes.
Nasce o sol, e minha dor é maior que ontem.
Espero então pela chuva…

Texto por: Dr. Ericson Sfreddo – CREMERS 19.563
Créditos da imagem: Freepik

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O Projeto Educa Dor é uma ferramenta de informação em saúde, que busca levar de maneira clara, informações sobre os mais diversos conceitos envolvendo a dor crônica, seus tratamentos, métodos e diagnósticos.

Responsável técnico: Dr. João Marcos Rizzo - CREMERS 18903
Médico Anestesiologista com área de atuação em Dor - RQE 42946

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