Quais dores crônicas são mais difíceis de tratar com a fisioterapia?

10 de junho de 2025
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Nem toda dor crônica responde da mesma forma ao tratamento fisioterapêutico. Algumas são mais desafiadoras, exigindo uma abordagem ainda mais cuidadosa e individualizada. Entre essas, destacam-se as chamadas dores primárias, especialmente aquelas que envolvem mecanismos complexos do sistema nervoso.

O que são dores primárias?

As dores primárias diferem das dores secundárias — estas últimas geralmente têm uma causa identificável, como uma lesão, inflamação ou outra condição clínica subjacente. Já as dores primárias não possuem um motivo aparente, o que torna o tratamento mais difícil.

Essas dores envolvem mecanismos neuroplásticos, ou seja, alterações no funcionamento do próprio sistema nervoso. O corpo passa a interpretar estímulos de forma exagerada, como se tudo fosse dor. Isso é conhecido como hipersensibilidade ou sensibilização central.

O papel da fisioterapia diante dessas dores

A fisioterapia, nesse contexto, enfrenta o desafio de reeducar o corpo e o cérebro. Como o sistema nervoso está mal adaptado, ele responde de forma distorcida até mesmo a estímulos leves. Por isso, o tratamento precisa ser cuidadosamente planejado e ajustado à tolerância e à evolução do paciente.

Síndrome da Dor Regional Complexa: um grande desafio

Dentro desse grupo de dores primárias, uma das mais desafiadoras é a Síndrome da Dor Regional Complexa (SDRC). Trata-se de uma condição crônica e extremamente limitante, que afeta principalmente membros superiores ou inferiores após traumas, cirurgias ou lesões aparentemente simples.

A SDRC é marcada por:

  • Dor contínua e intensa
  • Episódios de agravamento da dor (picos)
  • Inchaço (edema)
  • Perda de autonomia funcional
  • Alterações na sensibilidade e na temperatura do membro
  • Mudanças na coloração e na aparência da pele
  • Possível desenvolvimento de deformidades

Além do sofrimento físico, os pacientes com SDRC muitas vezes enfrentam dificuldades no diagnóstico e no acolhimento adequado. Isso ocorre porque a síndrome ainda é pouco conhecida por muitos profissionais de saúde, o que pode atrasar o início de um tratamento eficaz.

A importância de um cuidado individualizado

Dores como a SDRC exigem não só conhecimento técnico, mas também escuta, empatia e paciência. O fisioterapeuta precisa adaptar os exercícios à condição do paciente, respeitando os limites do momento e criando estratégias que tragam segurança ao paciente.

O principal objetivo é oferecer experiências positivas com o movimento — mesmo que discretas — para que, pouco a pouco, o corpo e o cérebro possam reconstruir uma relação menos dolorosa com o próprio movimento.



Esse texto foi desenvolvido com base na conversa entre o Dr. João Rizzo e a Dra. Adriana Coltro, disponível na íntegra no YouTube do Projeto Educa Dor, além das plataformas de streaming em formato podcast de áudio.

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O Projeto Educa Dor é uma ferramenta de informação em saúde, que busca levar de maneira clara, informações sobre os mais diversos conceitos envolvendo a dor crônica, seus tratamentos, métodos e diagnósticos.

Responsável técnico: Dr. João Marcos Rizzo - CREMERS 18903
Médico Anestesiologista com área de atuação em Dor - RQE 42946

Por Marcelo Cezar - Marketing Digital