Existem Contraindicações para a Fisioterapia Aquática?

A fisioterapia aquática tem se mostrado uma das opções mais eficazes para o tratamento de uma variedade de condições musculoesqueléticas e neurológicas, oferecendo benefícios como alívio da dor, aumento da mobilidade e relaxamento muscular. No entanto, como qualquer outro tratamento, existem algumas contraindicações que precisam ser observadas para garantir a segurança do paciente. Vamos explorar as principais condições que podem limitar a prática da fisioterapia aquática.
Contraindicações Relacionadas à Saúde Cardíaca
Uma das principais preocupações ao realizar fisioterapia aquática é o impacto que a imersão em água pode ter no sistema cardiovascular. Quando o corpo é submerso, a pressão hidrostática da água e a flutuação alteram a distribuição do sangue no corpo, levando uma maior quantidade de sangue para o centro do corpo e menos para as extremidades. Isso pode ser benéfico em alguns casos, pois ajuda a reduzir o inchaço e aumenta a diurese, mas também pode representar um risco para pacientes com cardiopatias graves, como insuficiência cardíaca.
Para pacientes com insuficiência cardíaca, por exemplo, a pressão adicional sobre o coração e os vasos sanguíneos pode ser arriscada. Nesses casos, é essencial que o paciente tenha autorização médica antes de iniciar o tratamento com fisioterapia aquática. Isso também se aplica a pacientes com doenças renais graves, já que a fisioterapia aquática pode aumentar o metabolismo renal, o que exige um acompanhamento mais rigoroso.
Contraindicações Relacionadas a Infecções Ativas
A água aquecida pode ser um ambiente propício para o crescimento de bactérias, o que pode agravar condições infecciosas. Por isso, infecções ativas são uma contraindicação para a fisioterapia aquática. Pacientes com infecções como gripe, amigdalite, otite ou infecções gastrointestinais não devem participar de sessões de fisioterapia aquática, pois a água aquecida pode intensificar a infecção e prolongar a recuperação.
Pacientes com Tromboembolismo
Outro fator a ser considerado é o risco de trombose venosa profunda (TVP). Pacientes com trombose recente ou risco de tromboembolismo devem evitar a fisioterapia aquática, pois a imersão em água pode alterar a circulação sanguínea e aumentar o risco de deslocamento de trombos. A trombose recente é, portanto, uma contraindicação, pois a movimentação na água pode agravar a situação.
Feridas Abertas
Antigamente, pacientes com feridas abertas eram completamente contraindicados para a fisioterapia aquática. Hoje, porém, com o uso de curativos oclusivos, que impermeabilizam as feridas, é possível realizar a fisioterapia aquática com segurança, mesmo em casos de feridas leves. O curativo adequado permite que o paciente entre na água sem o risco de infecção. No entanto, casos de feridas grandes ou graves ainda requerem precaução, e o tratamento deve ser ajustado de acordo com as condições do paciente.
Hidrofobia: O Medo da Água
Um desafio menos comum, mas significativo, é a hidrofobia — o medo excessivo de entrar na água. Esse é um obstáculo psicológico que muitos pacientes enfrentam, especialmente aqueles que não têm experiência anterior com piscinas ou que têm traumas relacionados à água. Para esses casos, a abordagem é mais sensível. O paciente pode ser introduzido ao ambiente aquático gradualmente, com a orientação de um profissional, até que se sinta confortável. O medo da água não é uma contraindicação médica, mas deve ser tratado com cuidado para que o paciente se sinta seguro e confiante.
Conclusão
A fisioterapia aquática é uma abordagem terapêutica segura e eficaz para muitos pacientes, mas, como qualquer tratamento, tem suas limitações. Contraindicações incluem condições como insuficiência cardíaca grave, doenças renais graves, infecções ativas, trombose recente, e feridas abertas. Além disso, pacientes com hidrofobia podem precisar de uma adaptação cuidadosa para começar o tratamento.
É sempre importante que o paciente consulte um profissional de saúde antes de iniciar a fisioterapia aquática, especialmente se tiver alguma dessas condições. Com a orientação adequada e precauções, a fisioterapia aquática pode ser uma ferramenta poderosa para melhorar a qualidade de vida e reduzir a dor, promovendo um processo de recuperação eficaz e seguro.
Este texto foi baseado no bate-papo entre o Dr. João Rizzo e a Dra. Flávia Gomes Martinez sobre “Os benefícios da fisioterapia aquática para o paciente com fibromialgia”, disponível na íntegra no canal do YouTube do Projeto Educa Dor.