A acupuntura é uma prática segura e eficaz no tratamento de diferentes tipos de dor e condições clínicas. No entanto, assim como em qualquer procedimento médico, existem situações em que ela não deve ser realizada ou em que alguns cuidados especiais precisam ser adotados.

Contraindicações absolutas e relativas

Em consultório, uma das perguntas mais frequentes é sobre as contraindicações da acupuntura. Na prática, elas são poucas, mas devem ser respeitadas:

• Infecções de pele: não se aplica a agulha no local infectado. Se apenas um membro estiver acometido, a sessão pode ser feita em outras regiões do corpo.
• Cicatrizes cirúrgicas: não se deve inserir agulhas diretamente sobre uma cicatriz recente. Esse cuidado evita complicações e também tranquiliza o cirurgião responsável pelo paciente.
• Pacientes em anticoagulação plena (endovenosa): nesses casos, o risco de sangramento é elevado, e a acupuntura não deve ser realizada. Normalmente, esses pacientes estão internados e não vão ao consultório.
  

Por outro lado, o uso de anticoagulantes orais não é uma contraindicação absoluta. O que pode ocorrer é a formação de pequenos hematomas, o que pode ser minimizado com compressão local após a retirada da agulha.

O medo da agulha: a principal barreira

Curiosamente, a maior dificuldade para muitos pacientes não é uma contraindicação médica, mas sim o medo de agulha. Esse receio faz com que algumas pessoas deixem de iniciar o tratamento, mesmo sabendo dos benefícios.

É importante esclarecer que as agulhas de acupuntura são extremamente finas — muito menores do que uma agulha de injeção, por exemplo — e não cortam a pele. Para pacientes ansiosos, o ideal é explicar com calma, sem necessidade de mostrar a agulha (a menos que o próprio paciente peça).

Alguns preferem não ver a aplicação, e nesse caso o profissional pode posicionar as agulhas em regiões onde o paciente não consiga observar, como nas costas.

Pontos mais sensíveis

Alguns pontos do corpo são naturalmente mais doloridos na aplicação, como os pés e as mãos, independentemente da queixa do paciente. Isso não significa que a região esteja “mais necessitada de tratamento”, mas apenas que é uma área mais sensível.

Já na auriculoterapia, é comum que os pontos mais doloridos correspondam às regiões em desequilíbrio, mas no corpo isso não é uma regra. Cabe ao profissional orientar o paciente e conduzir o tratamento com paciência e cuidado.

Em resumo: a acupuntura é um procedimento seguro, com poucas contraindicações absolutas. O maior desafio, muitas vezes, é superar o medo de agulha, algo que pode ser resolvido com informação e uma abordagem acolhedora.

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Esse texto foi desenvolvido com base na conversa entre o Dr. João Rizzo e a Dra. Rosangela Biegler, disponível na íntegra no YouTube do Projeto Educa Dor, além das plataformas de streaming em formato podcast de áudio.