Perguntas Frequentes na Prática Clínica

Vamos abordar aqui as perguntas mais frequentes do dia a dia do consultório.
Minha dor pode ser coisa da minha cabeça? A dor que eu sinto pode ser psicológica?
Os pacientes com dores de difícil controle geralmente passam por inúmeros profissionais, são investigados à exaustão e fazem muitas tentativas frustradas de tratamento. Muitos desses pacientes apresentam um quadro de dor sem que se encontre um correspondente orgânico que a justifique plenamente.
Essas características podem levar aqueles menos familiarizados com quadros de dores crônicas a pensar que aspectos psicológicos poderiam estar por trás do que está acontecendo.
No entanto, não se pode dizer que a dor crônica é psicológica, psicossomática ou que o paciente está somatizando. Não é correto afirmar que a dor foi causada por aspectos emocionais, cognitivos, psicológicos ou sociais. Esses fatores podem, sim, influenciar a dor, tornando-a mais intensa, mais frequente e de mais difícil controle, mas não são capazes de causá-la. Portanto, a dor não é coisa da sua cabeça.
Qual o objetivo do tratamento fisioterapêutico na dor crônica?
As dores crônicas são crônicas porque perduram por muito tempo. As dores que passam não são crônicas. Dito isso, faz sentido perguntar o que a Fisioterapia pode fazer nesses casos.
Primeiro, é importante saber que as dores crônicas não são todas iguais. Há aquelas que doem o tempo todo, as que são intermitentes e, ainda, as que doem o tempo todo, mas não com a mesma intensidade.
Diminuir a intensidade da dor, aumentar os intervalos entre os episódios, levar uma dor constante a se tornar intermitente, minimizar as perdas funcionais que costumam estar presentes em quem sente dor e construir estratégias possíveis de interação social são parte integrante do trabalho da Fisioterapia nas dores crônicas.
E os exercícios? Eles são mesmo tão importantes?
Sim, eles são muito importantes. Independentemente da modalidade, o exercício físico é eficaz no controle da intensidade da dor e na redução da incapacidade física que frequentemente acomete os pacientes com dores crônicas.
Os exercícios físicos produzem efeitos neurofisiológicos que têm a capacidade de interferir na dor. Mediante a prática de atividades físicas, nosso corpo produz substâncias capazes de diminuí-la e de interferir nos mecanismos de percepção da dor, o que é conhecido como a nossa farmácia interna.
Diferentemente do que se possa pensar, a melhora frequentemente observada nos pacientes que praticam atividade física não está necessariamente associada ao ganho de força e/ou de amplitude articular, mas sim à ativação da farmácia interna.
Os exercícios promovem o aumento da capacidade de enfrentamento do medo, da evitação, da hipervigilância e da catastrofização – condições que muitas vezes estão associadas ao quadro das dores crônicas. A melhora desses aspectos nos torna mais aptos também do ponto de vista funcional.
Quando bem indicados, bem dosados e adequados às condições atuais do paciente, os exercícios são parte fundamental do tratamento não farmacológico das dores crônicas.
Tenho hérnia de disco. Eu posso me exercitar?
Pode e deve. Não existe restrição para a prática de exercícios físicos para quem tem hérnia de disco. Também não existe protocolo de repouso para hérnia de disco.
O que é determinante para a prática de exercícios físicos é o momento em que o paciente se encontra. O que ele tolera em termos de movimento?
Avaliações e entrevistas bem conduzidas permitem que se construa um caminho viável – o que, aliás, deveria fazer parte de qualquer prescrição de exercícios, independentemente de a pessoa ter ou não hérnia de disco, ser ou não saudável.
O exercício é um estímulo e, como tal, vai gerar uma resposta. Essa resposta pode ser positiva ou negativa, dependendo do quão adequada for a sua prescrição.
Toda pergunta é relevante e merece resposta. Vamos seguir registrando-as para que possam ser respondidas em próximas oportunidades.
Referências:
📌 Instagram:
📍 @rogerio_liporaci.dor – Dr. Rogério Liporaci (fisioterapeuta)
📍 @treinesemdor – Julia Marcon (educadora física, instrutora RTS Brazil)
📍 @rtsbrazil
📍 @tudosobredor – Dr. Leonardo Ávila (fisioterapeuta)
Texto por: Adriana Fernanda Coltro
Imagem: Envato Elements