Uma mensagem para quem convive com dor crônica

Muitas pessoas que chegam ao consultório para tratar dor crônica vêm com sentimentos mistos — algumas desiludidas, desacreditadas, outras com expectativas irreais sobre o que o tratamento pode oferecer.
Segundo o Dr. Marcos Bicca da Silveira, compreender o que é a dor crônica e o papel dos procedimentos minimamente invasivos é o primeiro passo para recuperar a qualidade de vida.
Dor crônica: quando o sintoma se torna uma doença
O Dr. Marcos explica que a dor crônica é aquela que persiste por mais de três meses.
Enquanto a dor aguda é um sinal de alerta do corpo, a dor crônica se transforma em uma condição complexa, que envolve alterações no sistema nervoso central e periférico — um fenômeno conhecido como neuroplasticidade.
“A partir de determinado momento, a dor crônica passa a ser uma doença. Ela envolve a inervação periférica, o sistema nervoso autônomo e a medula. Por isso, precisa ser tratada de forma ampla e contínua.”
Essa compreensão muda completamente a forma de abordar o problema: não se trata apenas de eliminar o sintoma, mas de tratar a causa, modular os mecanismos da dor e devolver o bem-estar ao paciente.
A importância de buscar um centro especializado em dor
O tratamento da dor crônica deve ser conduzido por profissionais com formação específica na área, geralmente vindos da anestesiologia, neurocirurgia, fisiatria e outras especialidades correlatas.
Esses profissionais passam por treinamentos e residências específicas em medicina da dor, o que garante a segurança e a precisão dos procedimentos minimamente invasivos.
“É fundamental procurar um consultório de dor ou ser encaminhado por outro profissional de saúde. Esses casos exigem uma abordagem cuidadosa e direcionada.”
Um tratamento verdadeiramente multidisciplinar
De acordo com o Dr. Marcos, o sucesso no controle da dor depende de uma abordagem multidisciplinar, que envolve não apenas o especialista em dor, mas também clínicos, reumatologistas, neurologistas, psiquiatras, psicólogos e terapeutas.
Cada profissional tem um papel essencial no processo de reabilitação — seja ajustando medicamentos, trabalhando o componente emocional ou atuando na parte física e funcional.
“Nada disso está errado. A dor crônica, assim como a dor oncológica, exige suporte. Isso não é uma fraqueza, é parte do tratamento. Encaminhar o paciente para diferentes avaliações é sinal de cuidado e de responsabilidade.”
Reaprender a viver sem dor
Para o Dr. Marcos, superar a dor crônica é um processo de acolhimento, paciência e reconstrução. Os tratamentos minimamente invasivos podem ser ferramentas poderosas — mas é o trabalho conjunto entre médico e paciente que torna os resultados duradouros.
“É viável controlar e até reduzir intensamente a dor. O importante é procurar ajuda no lugar certo e entender que o tratamento é um caminho, não um milagre.”
Esse texto foi desenvolvido com base na conversa entre o Dr. João Rizzo e o Dr. Marcos Bicca da Silveira, disponível na íntegra no YouTube do Projeto Educa Dor, além das plataformas de streaming em formato podcast de áudio.



