Por que a dor crônica pode atrapalhar o sono?

A dor crônica é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, impactando diretamente sua qualidade de vida. Um dos principais desafios enfrentados por quem convive com a dor crônica é a dificuldade para dormir. Mas por que isso acontece? Vamos entender melhor essa relação e como ela interfere no descanso noturno.
O relaxamento como gatilho para o sono
Para que possamos pegar no sono com facilidade, nosso corpo e mente precisam estar minimamente relaxados e despreocupados. Esse é um processo natural que envolve a transição do estado de alerta para um estado de sonolência, onde as ondas cerebrais começam a desacelerar. No entanto, quando uma pessoa sente dor, essa transição se torna muito mais difícil.
Ao nos prepararmos para dormir, desligamos os aparelhos eletrônicos, apagamos as luzes e reduzimos os estímulos externos. Com isso, o cérebro passa a focar nos estímulos internos do corpo. Se a pessoa está sentindo dor, essa sensação se torna ainda mais evidente, pois não há distrações para minimizar a percepção da dor.
O ciclo vicioso entre dor e insônia
Esse processo pode desencadear um ciclo vicioso: a dor dificulta o sono, e a falta de sono pode intensificar a percepção da dor. Isso ocorre porque, ao não conseguir dormir, a pessoa pode desenvolver uma ruminação mental, repetindo pensamentos como “eu não vou conseguir dormir porque estou com dor”. Esse tipo de pensamento aumenta a ansiedade e dificulta ainda mais o relaxamento necessário para adormecer.
Além disso, a transição do estado de vigília para a sonolência é marcada pela aparição das ondas alfa no cérebro. Essas ondas são responsáveis por nos levar ao estado de relaxamento profundo. No entanto, devido à dor e aos estímulos excessivos do dia a dia, muitas pessoas têm dificuldade em atingir esse estágio, resultando em uma noite mal dormida.
Como melhorar o sono apesar da dor crônica
Embora a dor crônica possa dificultar o sono, algumas estratégias podem ajudar a minimizar esse impacto:
- Criar uma rotina de sono: Estabelecer horários fixos para dormir e acordar pode treinar o corpo a reconhecer o momento certo para relaxar.
- Evitar eletrônicos antes de dormir: A luz azul emitida por telas de celulares, tablets e computadores pode atrapalhar a produção de melatonina, hormônio essencial para o sono.
- Praticar técnicas de relaxamento: Meditação, respiração profunda e alongamentos suaves podem ajudar a reduzir a percepção da dor antes de dormir.
- Manter um ambiente adequado: Um quarto escuro, silencioso e com temperatura agradável favorece uma noite de sono reparadora.
A dor crônica pode ser um obstáculo para o sono, mas com as estratégias certas, é possível melhorar a qualidade do descanso e, consequentemente, da qualidade de vida.
Este texto foi baseado no bate-papo entre o Dr. João Rizzo e a Dra. Lorena Caleffi sobre “Alterações do sono em pacientes com dor crônica”, disponível na íntegra no canal do YouTube do Projeto Educa Dor.