Que tipos de tratamentos existem para aliviar a dor relacionada ao câncer?

O controle da dor relacionada ao câncer exige uma abordagem multimodal, ou seja, a combinação de diferentes tratamentos para oferecer alívio adequado ao paciente. Essa estratégia envolve tanto o uso de medicamentos quanto outras intervenções, incluindo terapias não farmacológicas e procedimentos invasivos.
Tratamentos farmacológicos
A Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu, nos anos 80, a escada analgésica, um modelo que auxilia na escolha do medicamento adequado conforme a intensidade da dor:
- Dor fraca: analgésicos simples, como paracetamol e dipirona.
- Dor moderada: analgésicos mais potentes, incluindo anti-inflamatórios e opioides fracos.
- Dor intensa: opioides potentes, como morfina e metadona.
Os opioides são fundamentais no controle da dor relacionada ao câncer, mas ainda enfrentam resistência devido a tabus e desinformação. Além dos analgésicos, outros medicamentos podem ser utilizados, como:
- Corticosteróides: ajudam a reduzir edemas e inflamações.
- Neuromoduladores (exemplo: pregabalina): eficazes no tratamento de dores neuropáticas.
Tratamentos específicos para o câncer
Algumas terapias usadas no tratamento do câncer também podem ajudar no alívio da dor:
- Radioterapia: útil para reduzir a dor causada por metástases ósseas.
- Quimioterapia paliativa: pode ajudar a diminuir tumores e aliviar sintomas dolorosos.
Procedimentos invasivos
Quando a dor não responde bem aos medicamentos, podem ser recomendadas intervenções minimamente invasivas:
- Bloqueios nervosos: uso de substâncias anestésicas para interromper a transmissão da dor.
- Neurocirurgia: indicada em casos mais refratários, quando outras abordagens não foram eficazes.
Terapias complementares
Terapias não farmacológicas podem proporcionar alívio significativo:
- Acupuntura: realizada por profissionais qualificados, pode auxiliar no controle da dor.
- Fisioterapia: essencial para manter a mobilidade e reduzir tensões musculares.
- Apoio psicológico e terapia ocupacional: ajudam o paciente a lidar com o impacto emocional da dor.
- Terapias alternativas (Reiki, meditação, Yoga): contribuem para o bem-estar global do paciente.
A importância da decisão compartilhada
O tratamento da dor deve sempre levar em consideração a individualidade do paciente. A equipe interdisciplinar – composta por médicos, fisioterapeutas, psicólogos e outros profissionais de saúde – deve trabalhar junto ao paciente e sua família para definir a melhor estratégia, equilibrando qualidade de vida e riscos.
A abordagem slow medicine, que preza por tratamentos cuidadosos e bem planejados, é fundamental para garantir que cada decisão seja tomada com sensibilidade e respeito à dignidade do paciente. Dessa forma, o alívio da dor pode ser alcançado com segurança e eficácia, promovendo mais conforto durante o tratamento oncológico.
Este texto foi baseado no bate-papo entre o Dr. João Rizzo e o Dr. Luciano de Oliveira sobre “Dor Relacionada ao Câncer”, disponível na íntegra no canal do YouTube do Projeto Educa Dor.
Texto por: Luciano de Oliveira e Dr. João Rizzo