Radiofrequência no tratamento da dor crônica: como funciona e quando é indicada

A radiofrequência é uma das principais técnicas utilizadas dentro dos tratamentos minimamente invasivos para o controle da dor crônica.
Ela atua de forma precisa sobre estruturas nervosas responsáveis pela transmissão da dor, permitindo reduzir o desconforto e melhorar a qualidade de vida do paciente — especialmente quando outros tratamentos clínicos já foram tentados sem resultado satisfatório.
O que é e como funciona
De maneira simples, a radiofrequência utiliza uma ponteira ou cânula conectada a um gerador de energia elétrica, que produz ondas de calor controladas.
Essas ondas são aplicadas diretamente sobre o nervo ou região responsável pela dor, modificando a forma como o sinal doloroso é transmitido ao cérebro.
A técnica pode ser realizada de duas maneiras principais:
- Radiofrequência pulsada: trabalha com temperaturas mais baixas, de até 42 °C, aplicando estímulos intermitentes em milissegundos. Ela não causa lesão no tecido, mas atua modulando o funcionamento nervoso — como se “reiniciasse” o sistema, semelhante ao comando de “Ctrl + Alt + Del” em um computador. Esse é um exemplo clássico de neuromodulação, com excelente resposta em casos como a neuralgia pós-herpética (dor após o herpes-zóster).
- Radiofrequência contínua: utiliza temperaturas mais altas, podendo chegar a 80 °C. Nesse caso, ocorre uma lesão controlada nas fibras nervosas responsáveis pela dor, interrompendo a transmissão do estímulo doloroso.
Procedimento e duração
O procedimento é minimamente invasivo e geralmente guiado por imagem (como radioscopia ou ultrassom). A aplicação dura entre 90 segundos e 6 minutos, dependendo da técnica e da região tratada.
Na maioria dos casos, o paciente recebe apenas anestesia local e pode retornar às atividades normais no mesmo dia.
Principais indicações
A radiofrequência é indicada para diferentes tipos de dor crônica, entre elas:
- Dor facetária (nas articulações da coluna);
- Dor cervical ou lombar persistente;
- Neuralgia pós-herpética;
- Cefaleia occipital (cefaleia de Arnold);
- Dores neuropáticas em geral.
Em muitos casos, o procedimento é precedido por um bloqueio diagnóstico, que ajuda a confirmar a origem da dor.
Se o paciente apresenta melhora significativa após o bloqueio — realizado com anestésico local e, às vezes, corticóide —, o médico pode indicar a radiofrequência como tratamento definitivo da área afetada.
Um tratamento seguro e repetível
A radiofrequência é considerada uma técnica segura e reversível. Os resultados podem durar meses ou até mais de um ano, e o procedimento pode ser repetido sempre que necessário, conforme a avaliação médica e o retorno dos sintomas.
Esse texto foi desenvolvido com base na conversa entre o Dr. João Rizzo e o Dr. Marcos Bicca da Silveira, disponível na íntegra no YouTube do Projeto Educa Dor, além das plataformas de streaming em formato podcast de áudio.



