Medicina Intervencionista da Dor: Generalidades
A dor crônica não oncológica é uma condição clínica comum que afeta muitas pessoas, com uma proporção significativa delas apresentando alguma forma de deficiência funcional. Quando a terapia farmacológica, ou a cirurgia convencional, não consegue controlar a dor de forma adequada, ou quando os pacientes apresentam efeitos colaterais intoleráveis ao tratamento medicamentoso, o papel dos procedimentos intervencionistas invasivos pode permanecer uma opção para o tratamento da dor crônica. Atualmente, esses recursos têm sido indicados em várias situações e não só nas duas citadas acima.
É importante entender o que está envolvido no encaminhamento de pacientes para avaliação e consideração de uma intervenção. Malignidade, infecção e fraturas são alguns dos “sinais de alerta” que devem ser descartados antes da formulação e recomendação do manejo do tratamento. Ao combinar o histórico de dor do paciente, exame clínico e investigações radiológicas e bioquímicas adequadas, é possível escolher uma intervenção adequada para cada situação clinica.
As possíveis complicações decorrentes de intervenções estão mais frequentemente relacionadas a: (a) colocação da agulha e (b) administração do medicamento. Todos esses efeitos adversos, entretanto, são raros e frequentemente menores.
Intervenção farmacológica:
Os medicamentos mais comumente usados para procedimentos intervencionistas incluem corticosteróides e anestésicos locais (lidocaína, ropivacaína e bupivacaína). Os esteróides aliviam a dor reduzindo a inflamação, bloqueando a transmissão da dor. Devido ao risco de complicações associadas ao uso prolongado, os corticosteroides para procedimentos intervencionistas são administrados com parcimônia, optando-se por corticóides de depósito (ação local predominante). Os anestésicos locais são usados para confirmar a administração em local apropriado da medicação, e fornecer alívio temporário, até que os corticosteróides atinjam seus níveis terapêuticos.
Intervenção não farmacológica:
A lesão de nervos ou gânglios por radiofrequência ou radiofrequência pulsada é uma técnica neuro destrutiva que usa calor contínuo com ondas de rádio para produzir a destruição controlada do tecido (termocoagulação).
Essas intervenções modulam a transmissão da dor sem causar sinais clínicos de danos aos nervos. Embora o alívio da dor também seja temporário por causa da regeneração do axônio, vários ensaios controlados mostraram forte evidência no fornecimento de alívio duradouro para algumas síndromes de dor, como dor nas articulações facetárias.
Outros textos do Projeto Educa Dor irão detalhar, ou já detalharam, alguns dos recursos que citarei a seguir:
- Injeções de ponto gatilho miofascial;
- Injeção na junta facetária;
- Injeções epidurais de esteróides;
- Injeção seletiva na raiz nervosa;
- Administração intratecal de drogas;
- Radiofrequência pulsada;
- Estimulação da medula espinhal.
Texto por: Dr. Luís Josino Brasil – CREMERS 19661
Foto: Envato