Bombas de infusão de fármacos totalmente implantáveis

5 de janeiro de 2022
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Normalmente em clínicas voltadas ao tratamento da dor crônica, se tenta o tratamento da forma mais convencional inicialmente, ou seja, uso de medicamentos via oral, transdérmicos, sprays nasais, etc. Quando há dificuldade no controle da dor, podemos lançar mão de alguns procedimentos pouco invasivos, tais como os bloqueios de pontos gatilho musculares, bloqueios de nervos ou plexos nervosos, bloqueios peridurais, bloqueios do sistema nervoso autônomo (simpático), entre outros. Também, métodos como acupuntura, fisioterapia, hidroterapia, entre outros, lembrando que pacientes com dor crônica normalmente necessitam de acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico.

Quando há dificuldade no controle da dor, seja por não se obter a analgesia adequada com os fármacos ou procedimentos já utilizados, ou por intolerância do paciente aos medicamentos quando aumentamos as dosagens, devemos avaliar a necessidade de utilizarmos algumas armas disponíveis em Medicina Intervencionista da Dor. Dentro deste “arsenal”, se destaca o uso de aparelhos chamados de “Bombas de Infusão Totalmente Implantáveis”. São dispositivos indicados principalmente na dor do câncer e algumas doenças neurológicas com espasticidade associada.

Esses dispositivos possuem um cateter que é instalado no espaço subaracnoideo (junto à medula espinhal), sendo o mesmo ligado ao corpo da bomba de infusão através de um túnel subcutâneo (Figura 1). O corpo da bomba fica instalado no subcutâneo (gordura), na região abdominal. A bomba em si é composta de um software e um reservatório, que é preenchido com o fármaco a ser utilizado (Figura 2). Após preenchido o reservatório, se faz a regulagem da velocidade de infusão, que será individualizada a cada caso. Os reservatórios podem ser de 20 ou 40ml. Assim, dependendo da concentração do fármaco e da velocidade de infusão, as recargas da bomba serão feitas de 2 a 6 meses. A regulagem é feita por telemetria e a recarga dos medicamentos é feita por punção em local específico (membrana) da bomba. São dispositivos computadorizados e são feitos testes prévios à instalação da bomba de infusão, através de injeção de morfina no espaço subaracnóideo, observando-se o grau de analgesia obtida para se confirmar ou não sua indicação.

Os fármacos utilizados são a morfina (para dor) e o baclofeno (para espasticidade). Outros fármacos estão em testes em vários países. Importante frisar que as dosagens são muito menores que aquelas utilizadas por via oral ou mesmo injetáveis, tendo em vista que a morfina por exemplo, agirá em receptores próprios (opióides) diretamente na medula quando utilizada por essa via. Como exemplo, pacientes que vêm utilizando dosagens altas de morfina via oral (200 a 300mg/dia) podem passar a utilizar 100 microgramas por via subaracnóidea.

               BOMBAS DE INFUSÃO DE FÁRMACOS TOTALMENTE IMPLANTÁVEIS
Figura 1
               BOMBAS DE INFUSÃO DE FÁRMACOS TOTALMENTE IMPLANTÁVEIS
Figura 2

Texto por: Dr. Marcos Sperb Bicca da Silveira – CREMERS 12381

Créditos da foto: Freepik

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O Projeto Educa Dor é uma ferramenta de informação em saúde, que busca levar de maneira clara, informações sobre os mais diversos conceitos envolvendo a dor crônica, seus tratamentos, métodos e diagnósticos.

Responsável técnico: Dr. João Marcos Rizzo - CREMERS 18903
Médico Anestesiologista com área de atuação em Dor - RQE 42946

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