Dr. José Correia Picanço: o pioneiro do ensino médico

Você sabia que o ensino da medicina no Brasil começou com um pernambucano visionário, ainda nos tempos do Império? O nome dele era José Correia Picanço, e sua história merece ser lembrada — especialmente por todos que se interessam pela saúde, pelo cuidado e pela dignidade humana.
Correia Picanço nasceu em Goiana (PE) em 1745, quando o Brasil ainda era colônia. Formou-se em medicina na Europa, com doutorado na prestigiada Universidade de Montpellier, na França. Na época, isso já era um feito extraordinário. Mas o que ele fez depois mudou o rumo da história da saúde no país.
Durante sua carreira, foi professor de anatomia em Coimbra, em Portugal, onde inovou ao usar cadáveres humanos em vez de animais para o ensino — algo revolucionário para o século XVIII. Em 1808, acompanhou a corte portuguesa na fuga para o Brasil e, ao chegar aqui, propôs e fundou as primeiras escolas de medicina do país, no Rio de Janeiro e na Bahia. Graças a ele, os brasileiros deixaram de depender exclusivamente da formação médica europeia.
Correia Picanço também realizou um dos primeiros relatos de cesariana no Brasil, por volta de 1817, em uma mulher negra — em um tempo em que esse procedimento era raríssimo e extremamente arriscado.
Seu compromisso com o saber, com a prática médica e com a vida humana rendeu-lhe o título de Barão de Goiana, concedido por Dom João VI. Ele faleceu no Rio de Janeiro em 1823, pouco antes de completar 78 anos, e seu legado vive até hoje nas faculdades de medicina, nos hospitais, nas salas de aula e nos atendimentos aos pacientes.
No Projeto Educa Dor, que valoriza o cuidado e a formação consciente em saúde, reconhecemos a importância de figuras como José Correia Picanço. Porque entender o passado da medicina é também honrar os caminhos que nos trouxeram até aqui — e inspirar o futuro da dor tratada com ciência, empatia e humanidade.
Texto por: Dr. João Marcos Rizzo, CREMERS 18.903