É possível uma dor aguda (duração menor do que 3 meses) se transformar em dor crônica?

27 de abril de 2022
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O risco de dor crônica (aquela que persiste por mais de 3 meses e frequentemente adquire vida própria) como consequência de dor aguda (como, por exemplo, a dor pós-operatória) é subestimado, pois pode ocorrer com bastante frequência e representa uma fonte significativa de incapacidade permanente. Esse é um dos motivos da necessidade do tratamento agressivo de uma dor aguda. Os tecidos cicatrizam e o paciente pode ficar com uma herança nada agradável.

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As estimativas de dor crônica, após certas cirurgias – como amputação, toracotomia e mastectomia-, variam entre 5 e 80%, com uma incidência estimada de dor crônica intensa na faixa de 5 a 10%. Mesmo o reparo de hérnia inguinal apresenta um risco de 2 a 4% de desenvolver dor crônica intensa. Essa dor geralmente é de natureza neuropática e vários fatores de risco foram identificados. Eles incluem:

  • dor moderada a intensa no pré- operatório, particularmente com maior duração, 
  • sexo feminino, 
  • vulnerabilidade psicológica e ansiedade pré-operatória,
  • possivelmente também predisposição genética. 

Uma abordagem cirúrgica com risco de lesão de nervo aumenta o risco de dor crônica, assim como a dor pós-operatória moderada a grave, os fatores psicológicos mencionados acima e, possivelmente, a radioterapia. A pesquisa atual está focada nas tentativas de reduzir a incidência de dor crônica após a cirurgia; algumas intervenções anestésicas e/ou analgésicas específicas podem reduzir a incidência. Aqui, em particular, o uso de técnicas de anestesia regional e o uso de medicamentos anti-hiperalgésicos (como gabapentina ou pregabalina) parecem promissores. Essas abordagens parecem ser mais eficazes se administradas durante a cirurgia e por um certo período a partir de então (analgesia preventiva). 

Entretanto, não há recomendação baseada em evidências sobre por quanto tempo o tratamento deve durar. Felizmente, estudos futuros levarão a medicamentos e protocolos de tratamento capazes de prevenir com sucesso a dor crônica após a cirurgia.

Referência: Brasil LJ, et al. Temas em Anestesiologia para Graduação. Alcance, Porto Alegre, 2019.

Texto por: Dr. Luís Josino Brasil – CREMERS 19661
Foto: Elements

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Responsável técnico: Dr. João Marcos Rizzo - CREMERS 18903
Médico Anestesiologista com área de atuação em Dor - RQE 42946

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