Contraindicações e critérios de segurança nos tratamentos minimamente invasivos

4 de dezembro de 2025
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Embora os tratamentos minimamente invasivos para dor crônica — como bloqueios, radiofrequência e neuromodulação — sejam considerados seguros e eficazes, é fundamental que a indicação seja precisa. Segundo o Dr. Marcos Bicca da Silveira, alguns fatores podem contraindicar temporariamente ou de forma definitiva o uso desses métodos.

Avaliação clínica e cognitiva do paciente

Uma das principais preocupações é a capacidade cognitiva do paciente. Para que o tratamento tenha bons resultados, é essencial que ele compreenda o processo, siga as orientações e participe ativamente do acompanhamento médico.

Por isso, a avaliação psiquiátrica ou psicológica prévia é uma etapa indispensável. Em alguns casos, o paciente pode ter entendimento parcial ou expectativas irreais — como acreditar que o dispositivo representa uma “cura definitiva”.
Nessas situações, o tratamento pode não ser indicado até que haja uma melhor compreensão do método e de seus objetivos.

Uso de anticoagulantes e riscos de sangramento

Pacientes que fazem uso de anticoagulantes também exigem atenção especial. Esses medicamentos aumentam o risco de sangramentos durante o procedimento e podem comprometer a segurança do implante de eletrodos ou da aplicação de radiofrequência.

Nesses casos, a equipe médica avalia individualmente o risco-benefício, podendo adiar ou ajustar o tratamento conforme o protocolo clínico e o estado de saúde do paciente.

Seleção cuidadosa das indicações

O Dr. Marcos Bicca destaca que há evidências científicas bem estabelecidas para o uso desses tratamentos em determinadas condições. Estudos internacionais mostram bons resultados especialmente em:      

  • Síndrome de dor regional complexa
  • Dores neuropáticas (com ou sem lesão nervosa)
  • Neuralgia pós-herpética.
  • Algumas condições oncológicas, quando há comprometimento de plexos nervosos após radioterapia, por exemplo.
  • Pancreatite crônica, em casos específicos e com evidência moderada
  • Falha da cirurgia lombar (failed back surgery syndrome) – tem o maior grau de evidência (indicação).

Essas indicações possuem graus diferentes de evidência científica, variando de acordo com o tipo de dor e o procedimento escolhido.

Procedimentos com base na evidência

Cada técnica — seja bloqueio peridural, radiofrequência pulsada, ou neuroestimulação da medula e do gânglio da raiz dorsal — tem um papel bem definido dentro do manejo da dor crônica.
O que diferencia a boa prática é a seletividade da indicação e o respeito aos critérios de segurança.

Como reforça o Dr. Marcos, “é preciso saber quando fazer e, principalmente, quando não fazer”. A escolha correta do paciente e do método é o que garante resultados duradouros e seguros.



Esse texto foi desenvolvido com base na conversa entre o Dr. João Rizzo e o Dr. Marcos Bicca da Silveira, disponível na íntegra no YouTube do Projeto Educa Dor, além das plataformas de streaming em formato podcast de áudio.

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O Projeto Educa Dor é uma ferramenta de informação em saúde, que busca levar de maneira clara, informações sobre os mais diversos conceitos envolvendo a dor crônica, seus tratamentos, métodos e diagnósticos.

Responsável técnico: Dr. João Marcos Rizzo - CREMERS 18903
Médico Anestesiologista com área de atuação em Dor - RQE 42946

Por Marcelo Cezar - Marketing Digital