Contraindicações e critérios de segurança nos tratamentos minimamente invasivos

Embora os tratamentos minimamente invasivos para dor crônica — como bloqueios, radiofrequência e neuromodulação — sejam considerados seguros e eficazes, é fundamental que a indicação seja precisa. Segundo o Dr. Marcos Bicca da Silveira, alguns fatores podem contraindicar temporariamente ou de forma definitiva o uso desses métodos.
Avaliação clínica e cognitiva do paciente
Uma das principais preocupações é a capacidade cognitiva do paciente. Para que o tratamento tenha bons resultados, é essencial que ele compreenda o processo, siga as orientações e participe ativamente do acompanhamento médico.
Por isso, a avaliação psiquiátrica ou psicológica prévia é uma etapa indispensável. Em alguns casos, o paciente pode ter entendimento parcial ou expectativas irreais — como acreditar que o dispositivo representa uma “cura definitiva”.
Nessas situações, o tratamento pode não ser indicado até que haja uma melhor compreensão do método e de seus objetivos.
Uso de anticoagulantes e riscos de sangramento
Pacientes que fazem uso de anticoagulantes também exigem atenção especial. Esses medicamentos aumentam o risco de sangramentos durante o procedimento e podem comprometer a segurança do implante de eletrodos ou da aplicação de radiofrequência.
Nesses casos, a equipe médica avalia individualmente o risco-benefício, podendo adiar ou ajustar o tratamento conforme o protocolo clínico e o estado de saúde do paciente.
Seleção cuidadosa das indicações
O Dr. Marcos Bicca destaca que há evidências científicas bem estabelecidas para o uso desses tratamentos em determinadas condições. Estudos internacionais mostram bons resultados especialmente em:
- Síndrome de dor regional complexa
- Dores neuropáticas (com ou sem lesão nervosa)
- Neuralgia pós-herpética.
- Algumas condições oncológicas, quando há comprometimento de plexos nervosos após radioterapia, por exemplo.
- Pancreatite crônica, em casos específicos e com evidência moderada
- Falha da cirurgia lombar (failed back surgery syndrome) – tem o maior grau de evidência (indicação).
Essas indicações possuem graus diferentes de evidência científica, variando de acordo com o tipo de dor e o procedimento escolhido.
Procedimentos com base na evidência
Cada técnica — seja bloqueio peridural, radiofrequência pulsada, ou neuroestimulação da medula e do gânglio da raiz dorsal — tem um papel bem definido dentro do manejo da dor crônica.
O que diferencia a boa prática é a seletividade da indicação e o respeito aos critérios de segurança.
Como reforça o Dr. Marcos, “é preciso saber quando fazer e, principalmente, quando não fazer”. A escolha correta do paciente e do método é o que garante resultados duradouros e seguros.
Esse texto foi desenvolvido com base na conversa entre o Dr. João Rizzo e o Dr. Marcos Bicca da Silveira, disponível na íntegra no YouTube do Projeto Educa Dor, além das plataformas de streaming em formato podcast de áudio.



