O corpo da gestante é mais suscetível as dores?

Muitas mulheres que já convivem com dor crônica têm uma dúvida legítima ao descobrir uma gestação: será que essas dores vão piorar durante a gravidez? Essa preocupação é compreensível e bastante comum nos consultórios, mas a boa notícia é que, na maioria dos casos, a dor crônica não tende a se agravar, especialmente quando há acompanhamento adequado antes e durante a gestação.
A dor crônica necessariamente piora na gestação?
Não. Embora o corpo da gestante passe por diversas alterações hormonais, posturais e musculoesqueléticas que podem interferir em quadros dolorosos, a piora da dor crônica não é uma regra. Na verdade, muitas mulheres conseguem passar por esse período de forma estável e segura quando recebem um cuidado bem estruturado.
O segredo está na abordagem multidisciplinar e na otimização das estratégias de manejo da dor, principalmente as não farmacológicas, que ganham destaque durante a gestação.
Tratamento interdisciplinar: obstetra e equipe de dor trabalhando juntas
O ideal é que a paciente com dor crônica esteja inserida em um plano de cuidados que envolva diferentes especialidades: obstetrícia, equipe de dor, fisioterapia, entre outras. Essa integração permite personalizar o tratamento, monitorar crises e adaptar as abordagens conforme o avanço da gestação.
Um exemplo prático citado com frequência nos consultórios é o da enxaqueca crônica, que muitas vezes exige tratamento preventivo. Com orientação médica, é possível ajustar ou substituir medicamentos por fitoterápicos com evidência científica, acupuntura, fisioterapia ou técnicas de relaxamento — garantindo alívio da dor sem comprometer a segurança da gestante e do bebê.
Uso de medicamentos: segurança e monitoramento
Durante a gestação, o uso de analgésicos e outros fármacos precisa ser criterioso e monitorado. O mesmo cuidado se aplica ao período do puerpério, especialmente durante a amamentação, para evitar que substâncias passem em quantidades significativas para o bebê.
Além dos medicamentos, existem opções seguras e eficazes para o controle de crises, como as infiltrações com lidocaína, o uso controlado de corticoides e a acupuntura.
Recursos complementares para o alívio da dor
Outras abordagens também têm mostrado bons resultados no cuidado com gestantes com dor crônica, como os exercícios na água e a fisioterapia aquática. Programas específicos para grávidas, como os mencionados por especialistas em conteúdos anteriores, ajudam na mobilidade, relaxamento e no alívio de tensões musculares sem sobrecarregar o corpo.
Conclusão: segurança e tranquilidade com planejamento
A principal mensagem que os profissionais de saúde desejam passar às gestantes com dor crônica é: vocês não estão sozinhas. O cuidado deve ser individualizado, planejado e conduzido de forma colaborativa, sempre respeitando os limites e necessidades da paciente.
Com acompanhamento interdisciplinar e decisões compartilhadas, é possível viver uma gestação tranquila, com segurança para a mãe e para o bebê — mesmo diante de um histórico de dor crônica.
Esse texto foi desenvolvido com base na conversa entre o Dr. João Rizzo e a Dra. Monia Di Lara Dias, disponível na íntegra no YouTube do Projeto Educa Dor, além das plataformas de streaming em formato podcast de áudio.