Transtorno de Sintomas Somáticos: pode a dor ser causada pelos sentimentos?

O Transtorno de Sintomas Somáticos é um quadro clínico que pode ocorrer em pessoas portadoras de dor crônica. É caracterizado por um ou mais sintomas somáticos que causam aflição ou resultam em perturbação significativa da vida diária, associados a pensamentos, sentimentos ou comportamentos excessivos relacionados aos sintomas somáticos.
Preocupações com a saúde, manifestadas por pensamentos desproporcionais e persistentes acerca da gravidade dos próprios sintomas, nível de ansiedade persistentemente elevado em relação à saúde e aos sintomas, além de tempo e energia excessivos dedicados a esses sintomas, são características frequentemente presentes. Ainda, embora alguns sintomas possam não estar presentes continuamente, as queixas de estar sintomático são persistentes.
Sintomas somáticos sem uma explicação médica evidente não são suficientes para esse diagnóstico, o que significa que o sofrimento é autêntico, seja ele explicado em termos médicos ou não. Os sintomas podem ou não estar associados a outra condição médica, não sendo diagnósticos mutuamente excludentes. Com frequência, ocorrem juntos.
As pessoas com Transtorno de Sintomas Somáticos tendem a manifestar níveis muito elevados de preocupação a respeito de sua dor, avaliando-a como indevidamente ameaçadora, nociva ou problemática, e frequentemente pensam o pior sobre sua saúde. Mesmo quando há evidências do contrário, algumas pessoas temem a gravidade médica de seus sintomas, a ponto de insistir em exames desnecessários ou já realizados. Quando uma doença médica está presente, o grau de prejuízo é mais marcante do que seria esperado da doença física isoladamente.
É fundamental perceber quando a pessoa está tão preocupada com sua dor a ponto de transformá-la no centro de sua vida e de seus relacionamentos afetivos. A dor, por definição, é uma experiência desagradável, tanto sensorial quanto emocional, ou seja, pode sim ser originada, exacerbada, alterada – e também aliviada! – pelos sentimentos.
Texto por: Dra. Lorena Caleffi – Psiquiatra – Cremers 17211 – RQE 8160
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