Neuroma de Morton

21 de maio de 2025
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Entidade clínica frequente, que ocorre principalmente em mulheres (mais de 80%) e com frequência maior acima de 50 anos.

A localização mais comum é no 3º espaço interdigital, ocorrendo também no 2º espaço e, ocasionalmente, de forma bilateral. Aparentemente, o uso de sapatos com formato não anatômico, como sapatos de salto alto com bico estreito, ao mesmo tempo que alongam as articulações metatarsofalângicas, favorecem a compressão dos nervos pela pressão lateral que ocorre.

Apesar de Morton descrever quadro de “dor peculiar na quarta articulação metatarsofalângica”, não foi ele o primeiro a apresentar descrição clínica desta patologia, e sim Civinni (1835). De qualquer forma, tal quadro clínico ficou conhecido com o seu nome.

O quadro inicia por dor (metatarsalgia), por compressão mecânica dos nervos plantares (ramos digitais).
A dor pode ser referida como choques, queimação e parestesias no território da distribuição dos ramos afetados. A sintomatologia é de dor no antepé que irradia para os dedos.
Ocorre fibrose perineural do nervo plantar, principalmente na união dos ramos lateral e medial dos nervos digitais plantares, ficando desta forma comprimidos dentro do espaço interdigital.

Alivia com a retirada de calçados e massagem na região.
No exame físico, a compressão látero-lateral da cabeça dos metatarsos e, ao mesmo tempo, a palpação digital da planta do pé no nível acometido, desencadeia dor (sinal de Mulder).

A solicitação de exames pode ser necessária para confirmação exata da localização e tamanho (ultrassonografia e, se necessário, ressonância magnética para neuromas menores que 5 mm). Pode ser necessário RX para se afastar outras patologias concomitantes.

O tratamento inicial é clínico, com uso de analgésicos comuns, AINEs (anti-inflamatórios não esteroides) e até neuromoduladores (pregabalina etc.).
Uso de calçados/palmilhas anatômicos, evitando calçados de salto alto e, ainda, utilização da Sandália de Baruk, que alivia a compressão no antepé.
Fisioterapia objetivando alongar a musculatura flexora dos dedos e fáscia plantar é recomendada.
A infiltração de anestésico local e esteroide na região pode contribuir para o controle da dor e facilitar a realização da fisioterapia.

Se houver persistência do quadro, deve ser considerada a cirurgia, que, na grande maioria dos casos, é resolutiva.

Texto: Marcos Sperb Bicca da Silveira



Referências bibliográficas
  1. Caio Augusto de Souza Nery; Rui dos Santos Barroco; Cleber Furlan; Carlos Henrique Tardini; Fabio Serra Cemin; Renan Galas Mombach. Tratamento do neuroma de Morton via plantar: avaliação retrospectiva dos resultados cirúrgicos. Acta Ortop. Bras. 15(1) • 2007.

  2. Morton TG. A peculiar and painful affection of the fourth metatarsophalangeal articulation. Am J Med Sci. 1876; 71:35-9.

  3. Lobato LS, Vilela SA, Fernandes ARC, Turrini E, Natour J. Valor do diagnóstico por imagem na avaliação do neuroma de Morton. Rev Bras Reumatol. 2001; 41:188-90.

  4. Civinni F. Su di um ganglionari rigonfiamento della piñata del piede. Mem Chir Archiespedale Pistoia. 1835; 4:4-17.

  5. Ashman CJ, Klecker RJ, Yu JS. Forefoot pain involving the metatarsal region: differential diagnosis with MR Imaging. Radiographics. 2001; 21:1425-40.

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