Escrito pelo autor de ‘O Imperador de Todos os Males’ e ganhador do Prêmio Pulitzer, Siddhartha Mukherjee em ‘O Gene – uma história íntima’ nos leva em um passeio, ao mesmo tempo que profundo, quase lúdico em sua maneira de contar as peripécias de pesquisadores e cientistas ao longo dos tempos. Na busca por respostas sobre as características de nossa espécie e como são transmitidas (ou não) entre gerações, Mukherjee traz uma visão crítica e ampla das iniciativas científicas – e outras nem tanto – nesse sentido. 

Permeado de citações literárias, poemas e referências históricas, o livro abrange não só as descobertas em si, mas o contexto nos quais as pesquisas foram realizadas e seu significado para o pesquisador, seu mundo acadêmico e o mundo leigo. Tal contextualização, feita de forma brilhante pelo autor, nos garante uma experiência quase palpável da força transformadora que novos conhecimentos científicos podem desencadear na história da humanidade. 

Com capítulos em ordem cronológica, iniciando em Aristóteles até o Projeto Genoma Humano, ficamos com a compreensão da complexidade do funcionamento do ser humano. E, permeando os fatos históricos, acompanhamos a experiência íntima de Siddhartha, através da herança genética de doença mental em sua família. 

Sem querer dar spoiler, encerro com um trecho do próprio autor: “Procuramos constância na hereditariedade e encontramos seu oposto, a variação. (…) Nosso genoma conseguiu chegar a um frágil equilíbrio entre forças contrapostas, pareando fita com fita, misturando passado e futuro, opondo memória a desejo. Essa é a coisa mais humana que possuímos.” 

Boa leitura!

Mukherjee, Siddhartha. O Gene – uma história íntima. Trad. Laura Teixeira Motta. 1a. Edição, Companhia das Letras, 2016.

Texto por: Lorena Caleffi – CREMERS 17211