Gelo ou calor: qual usar no tratamento de tendinites, tendinoses e entesopatias?

Quando falamos no tratamento de dores musculoesqueléticas, como tendinites, tendinoses e entesopatias, uma dúvida frequente é: usar gelo ou calor? Existe uma regra para cada fase da lesão?
Gelo na fase aguda e calor na fase crônica: mito ou verdade?
O senso comum costuma orientar que, na fase aguda, o ideal seria aplicar gelo para reduzir a inflamação, enquanto na fase crônica se indicaria o calor para relaxar a musculatura e melhorar a circulação.
Mas o que diz a ciência?
Não existem estudos robustos que comprovem superioridade do gelo sobre o calor, ou vice-versa. A literatura médica não apresenta evidências consistentes que determinem uma regra fixa para a escolha entre frio e calor.
Portanto, essa orientação tradicional é baseada mais na prática clínica e no conforto do paciente do que em evidências científicas.
O que realmente importa no uso de gelo ou calor?
Apesar da falta de comprovação científica definitiva, tanto o gelo quanto o calor podem trazer efeito analgésico e proporcionar alívio temporário da dor. Algumas orientações importantes:
Proteja a pele: evite aplicar gelo ou bolsas térmicas diretamente sobre a pele para prevenir queimaduras ou lesões.
Respeite o tempo: aguarde a pele voltar à temperatura normal antes de reaplicar.
Individualize a escolha: observe qual método proporciona maior alívio para o paciente.
Qual a melhor conduta?
A decisão deve levar em conta:
- Bem-estar do paciente: se o calor proporciona relaxamento e melhora da dor, pode ser a melhor escolha para aquele caso, e vice-versa.
- Fase do quadro clínico: em processos inflamatórios mais recentes, o gelo pode dar sensação de alívio mais rápido; já em casos com componente miofascial ou contraturas, o calor pode auxiliar no relaxamento.
- Acompanhamento profissional: fisioterapeutas são grandes aliados para orientar o uso adequado.
Conclusão: não há evidência científica que determine uma regra rígida entre gelo e calor, mas ambos podem ser usados com segurança, desde que respeitados os cuidados com a pele e avaliando a resposta individual.
Esse texto foi desenvolvido com base na conversa entre o Dr. João Rizzo e a Dra. Eleonora Estrela da Silva, disponível na íntegra no YouTube do Projeto Educa Dor, além das plataformas de streaming em formato podcast de áudio.