É possível usar medicamentos para dor na gestação? Quais cuidados tomar?

10 de julho de 2025
E-possivel-usar-medicamentos-para-dor-na-gestacao-1200x800.jpg

Quando uma gestante sente dor — seja lombar, pélvica, nas pernas ou até cefaleia — é comum surgir a dúvida: posso tomar algum remédio para aliviar? Essa é uma questão importante e, muitas vezes, cercada de discussões. Existe, sim, uma preocupação válida quanto ao uso de medicamentos durante a gravidez, mas isso não significa que toda medicação está proibida. O mais importante é entender quando, como e com orientação de quem utilizá-los.

A cultura do “não pode nada” na gestação

É comum que gestantes cheguem ao consultório afirmando que “não podem usar nada“. Essa ideia, eventualmente, pode gerar sofrimento desnecessário. O uso de medicamentos na gestação não está completamente contraindicado — o que se deve evitar é a automedicação e o uso de fármacos sem avaliação adequada.

Cada caso deve ser analisado de forma individual, levando em conta:

  • O tipo de dor relatado;
  • O histórico de saúde da gestante;
  • E, principalmente, a fase da gestação em que ela se encontra.

Esses fatores influenciam diretamente na escolha e na segurança de qualquer prescrição medicamentosa.

Existem medicamentos seguros na gestação?

Sim. Um exemplo clássico é o paracetamol, amplamente reconhecido como o analgésico de escolha durante a gravidez. Ele é considerado o “padrão ouro” por sua segurança, mas mesmo ele exige atenção.

  • Existe uma dose segura que não deve ser ultrapassada;
  • O momento da gestação em que é utilizado também conta;
  • E o uso não deve ser contínuo ou indiscriminado.

Ou seja, mesmo medicamentos considerados seguros devem ser utilizados com orientação profissional e dentro de critérios bem definidos.

Classificação de risco dos medicamentos

Na prática médica, o uso de medicamentos na gestação se baseia em classificações de risco, muitas delas reconhecidas por órgãos regulatórios e embasadas por literatura científica. Esses medicamentos são categorizados, de forma simplificada, como:

  • Alto risco: devem ser evitados, exceto em situações extremas.
  • Baixo risco: podem ser utilizados com cautela, dependendo da fase da gestação.
  • Sem risco conhecido: considerados seguros, mas ainda assim monitorados de perto.

Essa classificação é o que orienta o médico no momento da prescrição, garantindo um equilíbrio entre o alívio da dor e a segurança da mãe e do bebê.

Priorizar a saúde da gestante e do bebê

O objetivo do tratamento é sempre priorizar a saúde gestacional como um todo, o que inclui o bem-estar físico e emocional da mulher. Em muitos casos, estratégias não farmacológicas (como fisioterapia, acupuntura, exercícios supervisionados ou medidas de relaxamento) podem ser suficientes.

No entanto, quando essas alternativas não resolvem ou não são viáveis, o uso consciente de medicamentos pode e deve ser considerado.

Conclusão: decisão segura, tomada em conjunto

Com o conhecimento médico atual e o acesso à literatura científica, é possível tomar decisões seguras sobre o uso de analgésicos na gestação. Isso deve ser feito sempre com orientação de profissionais especializados, respeitando as particularidades de cada paciente.

A mensagem mais importante é: a dor na gravidez não precisa ser ignorada, e o tratamento adequado existe — com segurança, responsabilidade e cuidado interdisciplinar.



Esse texto foi desenvolvido com base na conversa entre o Dr. João Rizzo e a Dra. Monia Di Lara Dias, disponível na íntegra no YouTube do Projeto Educa Dor, além das plataformas de streaming em formato podcast de áudio.

Projeto Educador Logo Pequeno

O Projeto Educa Dor é uma ferramenta de informação em saúde, que busca levar de maneira clara, informações sobre os mais diversos conceitos envolvendo a dor crônica, seus tratamentos, métodos e diagnósticos.

Responsável técnico: Dr. João Marcos Rizzo - CREMERS 18903
Médico Anestesiologista com área de atuação em Dor - RQE 42946

Por Marcelo Cezar - Marketing Digital